Espiral de Ervas Aromáticas

Escola EB1/PE com Creche Engº Luís Santos Costa (Machico)

Desafio: "Espiral de Ervas Aromáticas"

Esboço/croqui da Espiral:

Breve descrição das plantas selecionadas e motivo do respetivo posicionamento na espiral:
A espiral das ervas aromáticas serve-se de uma técnica usada na permacultura que consiste na subdivisão de espaços permitindo cultivar plantas tanto de habitats secos como húmidos, proporcionando uma grande produtividade e diversidade num espaço pequeno. Permite, ainda, recolher plantas durante todo o ano e cria mesmo o habitat ideal para animais de jardim como anfíbios, aves e várias espécies de insetos.
Esta possibilita um jogo de sombras e luz que permite que plantas com diferentes características cresçam em sintonia. A gravidade, juntamente com a disposição dos vários tipos de terra (mais arenosa no topo e com mais matéria orgânica na base), possibilita o escoamento da água, acumulando-se nas zonas mais baixas onde estão as plantas que mais necessitem de humidade. Assim sendo, no topo da nossa espiral, zona de sol pleno, foram colocadas espécies que necessitam de mais sol e menos água como a losna, o rosmaninho, o caril e a lavanda. O meio da estrutura, por sua vez, recebeu as ervas que não gostam muito do sol e preferem um solo com pouca humidade, chamada meia sombra e solo seco. Então, nesta zona, foram plantadas a salva, a salsa, os orégãos, o tomilho, o manjericão, a manjerona, a segurelha, o cebolinho, os coentros, o aipo, o funcho, o poejo, a cidreira, a quebra pedra e a arruda. Na parte debaixo, que recebe menor incidência de luz solar e concentra maior parte da humidade, zona de meia sombra e solo húmido, plantou-se a alfavaca hortelã, o alecrim, a hortelã de leite, o pessegueiro inglês, o tomilho, a cavalinha, a tanchagem e o louro.
Algumas ervas do nosso espiral, que fazem parte da flora aromática e medicinal da nossa ilha, detêm as seguintes caraterísticas:
Aipo Branco
Nome científico -Apium graveolens L.
Origem -Região mediterrânica.
Descrição- Herbácea bienal com sistema radicular aprumado. Folhas basais em roseta, de limbo pinado. Pecíolos suculentos semicirculares na base. Flores pequenas brancas ou esverdeadas agrupadas em umbelas. O fruto é um esquizocarpo com dois mericarpos com uma semente cada. Distribuição na Madeira -Cultivada em pequenas hortas.
Alecrim
Nome científico- Rosmarinus officinalis
Origem -Região mediterrânica.
Descrição- Arbusto com caules lenhosos muito ramificados que pode atingir até 1,50 m de altura. Folhas opostas, persistentes, coriáceas, estreitas e de bordos enrolados. Verdes na página superior e esbranquiçadas na inferior. Flores azul pálido ou arroxeadas. Estames mais compridos que as pétalas e lábio superior curvado. Aroma forte e característico.
Distribuição na Madeira -Cultivada para fins medicinais, aromáticos, ornamentais e supersticiosos.
Alfavaca
Nome científico- Parietaria judaica L.
Origem-Nativa.
Descrição -Herbácea perene, lenhosa na base, pubescente, mas sem pelos urticantes. Ramos ascendentes a mais ou menos eretos. Folhas muito variáveis ovado-acuminadas a lanceoladas, alternas, pecioladas, com três nervuras basais. Flores de cerca de 2 mm, hermafroditas ou unissexuais, dispostas em grupos nas axilas das folhas. Aquénios com 1 mm, ovoides, negros e brilhantes.
Distribuição na Madeira- Muito comum em escarpas costeiras e muros antigos.
Alfazema
Nome científico-Lavandula angustifolia Mill.
Origem- Região mediterrânica.
Descrição- Pequeno arbusto lenhoso de 25-76 cm de altura. Caules acastanhados mais ou menos glabros. Folhas lanceoladas estreitas, 23-57 x 2,2-4,5 mm, acinzentadas, com indumento. Inflorescência pedunculada e espiga formada por cerca de cinco verticilos mais ou menos aproximados. Cálice tubular com 5-7 mm, cinco dentes, o superior terminando em apêndice. Corola tubular de 10-12 mm, de cor azulada.
Distribuição na Madeira- Cultivada nos jardins e hortas junto às habitações.
Arruda
Nome científico- Ruta chalepensis L.
Origem- Nativa.
Descrição- Herbácea até cerca de 70 cm, ramos prostrados ou ascendentes e folhagem densa. Aroma intenso. Folhas acinzentadas, de 1,5-10 cm e pinatissetas. Flores amareladas de quatro a cinco pétalas fimbriadas, de 1-1,5 cm. O fruto é uma cápsula de quatro a cinco lóbulos, rugoso como a casca de laranja.
Distribuição na Madeira- Aparece esporadicamente na costa sul da Madeira, principalmente na Ponta de São Lourenço. Muito cultivada junto às habitações.
Babosa
Nome científico- Aloe vera (L.) Burm.f.
Origem-Arábia e nordeste de África.
Descrição- Herbácea perene, folhas dispostas em roseta, ensiformes, glauco-esverdeadas, suculentas, com margens dentadas e espinhosas. Flores amarelas ou alaranjadas, pendentes, dispostas em panícula. Tépalas aderentes formando um tubo. O fruto é uma cápsula.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto às habitações e naturalizada aparecendo em margens de estradas e terrenos incultos.
Erva cidreira
Nome científico- Melissa officinalis L.
Origem- Regiões meridionais da Europa, Ásia e Norte de África.
Descrição- Herbácea perene rizomatosa, com forte cheiro a limão e caules de secção quadrangular. Folhas opostas, simples, dentadas ou serradas, mais ou menos pubescentes. Folhas 1-7 x 0,8-5 cm, pecioladas, ovadas a elípticas. Inflorescência formada por verticilastros, separados e mais ou menos densos. Corola amarelada, branca ou levemente rosada, com o dobro do tamanho do cálice. Frutos pretos com 1,5-2 mm.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto a habitações e naturalizada em algumas linhas de água.
Funcho
Nome científico-Foeniculum vulgare Mill.
Origem- Nativa.
Descrição- Herbácea bienal ou perene até 2,5 m, glauca e glabra com forte aroma a anis. Folhas 3-4 pinatissetas, com segmentos lineares e pecíolo dilatado e invaginante na base. Os caules tornam-se ocos com a idade. Umbelas terminais e laterais de 4 a 30 raios. Flores muito pequenas de pétalas amareladas. Fruto de 4-10 mm oblongo ovóide e comprimido lateralmente.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto às habitações e espontânea em zonas costeiras e locais
soalheiros.
Hortelã de leite
Nome científico-Mentha spicata L.
Origem- Introduzida da região mediterrânica.
Descrição- Herbácea perene muito aromática, rizomatosa. Folhas sésseis, ovadas a lanceolado-ovadas, um pouco mais largas na base, serradas, com alguns pelos simples na página inferior. Caules escuros. A inflorescência é uma espiga ramificada com numerosos verticilastros. Brácteas pequenas e pedicelos glandulosos. Cálice 1,5-1,8 mm, tubo campanulado, glabro, com dentes mais ou menos iguais, ciliados. Corola lilás, rosada ou esbranquiçada de 2-3,2 mm.
Distribuição na Madeira- Cultivada e naturalizada em alguns locais húmidos e encharcados.
Poejo
Nome científico- Calamintha nepeta (L.) Savi subsp. sylvatica (Bromf.) R. Morales
Origem-Nativa.
Descrição- Herbácea pubescente, estolhosa, lenhosa na base com caules até 80 cm, pouco ramificados. Folhas de cerca de 2 x 1,5 cm, ovadas a arredondadas, acuminadas a obtusas e crenadas. Inflorescências em verticilos laxos, com poucas flores. Bractéolas mais curtas do que as flores, tubo do cálice de 2-3,5 mm e dentes superiores mais compridos que os inferiores. Corola de 7-14 mm rosada, com marcas púrpuras no lábio inferior.
Distribuição na Madeira-Comum em zonas rochosas e terrenos baldios.
Losna
Nome científico- Artemisia argentea L’Hér.
Origem- Endémica da Madeira, Porto Santo e Desertas.
Descrição- Arbusto perene multicaule até 1 m de altura, com indumento branco ou cinzento. Folhas muito aromáticas, de contorno triangular, uma a duas penatissetas podendo atingir 8 x 8 cm. Folhas mais velhas persistentes. Capítulos dispostos em densas panículas. Invólucro hemisférico de 3-5 mm. Brácteas ovadas tomentosas. Recetáculo tomentoso. Flores do capítulo amarelas, sendo exteriores femininas e mais estreitas e os interiores hermafroditas.
Distribuição na Madeira- Zonas rochosas do litoral. Ocasionalmente cultivada junto às habitações.
Louro
Nome científico- Laurus novocanariensis Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J.C. Costa & C. Aguiar
Origem- Endémica da Madeira e Canárias.
Descrição- Árvore até 20 m de altura, perenifólia, dioica e de copa densa. Ramos jovens densamente tomentosos. Folhas lanceoladas, agudas a obtusas, coriáceas e aromáticas. Página inferior com pequenas glândulas escuras nas axilas das nervuras secundárias. Inflorescências formadas por pseudo-umbelas curtamente pecioladas, cada uma com cerca de cinco pequenas flores branco amareladas, com quatro tépalas e unissexuais. Fruto ovoide inicialmente verde e negro quando maduro, rodeado na sua base por um recetáculo pouco ou nada acrescente.
Distribuição na Madeira- Cultivada como aromática e condimentar. Integra a Laurissilva entre 200 e 1500 m de altitude.
Manjerona
Nome científico- Origanum majorana L.
Origem- Introduzida da região mediterrânica.
Descrição-Herbácea perene de vida curta. Caules até 70 cm, ramificados e eretos, com pelos curtos. Folhas verde acinzentadas, pecioladas, de 4-17 x 2-7 mm, oblongo-ovadas ou elípticas, com glândulas amareladas. Espigas formadas por três a cinco verticilastros, de 4-10 (15) mm, globosas, subglobosas ou ovoides. Brácteas verde acinzentadas, de 3 x 2,2 mm, rômbicas ou obovadas, tomentosas, inteiras e ciliadas. Cálice de cerca de 2,5 mm, pubescente a subglabro. Corola branca, pubescente, de cerca de 4 mm.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto às habitações.
Orégãos
Nome científico- Origanum vulgare L.
Origem-Nativa.
Descrição- Herbácea perene, lenhosa na base, pubescente, muito aromática. Folhas ovadas, inteiras, pontuado-glandulosas. Flores subsésseis, dispostas em espigas cilíndricas ou ovoides até 30 mm. Brácteas imbricadas, ovadas a obovadas, membranosas, glabras, verde-amareladas, por vezes avermelhadas. Cálice tubular com glândulas sésseis, corola até 8 mm branca ou levemente rosada.
Distribuição na Madeira-Espontânea, frequente nas zonas mais altas, entre rochas e em locais expostos ou com alguma sombra. Cultivada junto a habitações.
Pessegueiro inglês
Nome científico-Aloysia citrodora Palau.
Origem-Introduzida da América do Sul.
Descrição- Arbusto até 3 m, folhas lanceoladas, três a quatro em cada nó, com forte aroma
a limão. Flores brancas, a rosadas, dispostas em panícula terminal.
Distribuição na Madeira- Cultivada frequentemente junto às habitações para fins ornamentais e medicinais.
Cavalinha
Nome científico-Equisetum telmateia Ehrh.
Origem- Nativa.
Descrição- Feto com rizoma subterrâneo, ramificado e castanho-escuro. Caules brancos, estéreis, de 75 x 5 mm, com ramos articulados dispostos em verticilos, até 20 x 0,1 cm. Microfilos concrescidos originando uma bainha dentada. Caule fértil articulado não ramificado, suportando um cone terminal de 4-6 cm com esporos esféricos verdes.
Distribuição na Madeira- Comum em encostas com exposição norte, até 750 m de altitude, em campos alagadiços, margens de caminhos, levadas e linhas de água.
Quebra Pedra
Nome científico-Phyllanthus tenellus Roxb.
Origem- Introduzida do Brasil, mas originária das Ilhas Mascarenhas. Provavelmente foi introduzida nos anos 30 do século XX.
Descrição- Herbácea anual ou perene, mas de vida curta, até 60 cm de altura. Caule ramificado, por vezes lenhoso na base. Folhas elípticas pequenas, até 2 x 1 cm, curtamente pecioladas e verde claro na página inferior. Flores pequenas, axilares, solitárias ou em grupos diminutos. Segmentos do perianto 0,8-1 mm, lanceolados a ovados. Pedicelos frutíferos de 3-7 mm, filiformes. Cápsulas globosas, lisas e verdes. Sementes castanho claro com cerca de 1 mm.
Distribuição na Madeira- Naturalizada em terras cultivadas, jardins, incultos, caminhos e aterros nas zonas baixas e de médias altitudes.
Romaninho
Nome científico- Santolina chamaecyparissus (D. C.) Nyman.
Origem- Nativa da região mediterrânica central.
Descrição- Subarbusto lenhoso, muito ramoso, aromático, caules de 10 a 40 cm de altura eretos ou decumbentes. Folhas acinzentadas a branco-tomentosas, com catorze a trinta e dois pares de dentes ou segmentos, arredondados, densos e não excedendo 2 mm. Invólucro do capítulo pulverulento e hemisférico. Flores amarelas, não liguladas, com tubo e limbo de 2 mm.
Distribuição na Madeira- Cultivada nos jardins junto às habitações.
Salsa
Nome científico- Petroselinum crispum (Mill.) Fuss.
Origem- Da Europa meridional e talvez da Ásia ocidental.
Descrição- Herbácea bienal, muito aromática. Caules até 75 cm, eretos, cilíndricos, estriados, ramificados. Folhas tripinadas, glabras e um pouco luzidias, com o contorno exterior triangular, segmentos de 10-20 mm acuminados. Umbelas terminais planas de dez a vinte raios e uma a três brácteas. Pétalas amareladas. Fruto ovóide 2,5-3 mm, por vezes com um mericarpo menos desenvolvido do que o outro.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto a habitações e fugida de cultura, em terrenos incultos e cultivados.
Salva
Nome científico- Salvia officinalis L.
Origem-Introduzida da região mediterrânica oriental.
Descrição- Subarbusto até 60 cm de altura de porte ereto, com numerosos ramos tomentosos. Folhas pecioladas, ovado-oblongas a elípticas, de ápice agudo ou obtuso e arredondadas a subtroncadas na base, margem crenulada, verde acinzentadas na página superior e branco-tomentosas, na página inferior. Inflorescência com verticilastros de cinco a dez flores cada. Brácteas ovadas, acuminadas, persistentes, verdes ou arroxeadas, cálice bilabiado, purpúreo, com 10-14 mm e corola até 35 mm, azul arroxeado. Dois estames subiguais.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto às habitações.
Segurelha
Nome científico- Thymus vulgaris L.
Origem-Introduzida da Europa meridional.
Descrição- Subarbusto com ramos eretos até 30 cm, com aroma característico. Folhas estreitas ovado-lanceoladas, tomentosas, margens revolutas e indumento de pelos esbranquiçados. Inflorescências terminais, com as flores pediciladas e verticiladas. Cálice tubular com cinco dentes desiguais e garganta pubescente. Corola de 7-8 mm bilabiada, rosada a branca.
Distribuição na Madeira- Cultivada junto às habitações para fins condimentares e medicinais.
Tanchagem
Nome científico- Plantago major L.
Origem-Nativa.
Descrição- Herbácea perene, glabra a ligeiramente tomentosa. Folhas dispostas em roseta basal, ovadas, inteiras, ligeiramente dentadas, com cinco nervuras principais. Pedicelo igual ou mais pequeno do que o limbo. Flores dispostas em espiga de 7-11 cm, cilíndrica e estreita. Brácteas de cerca de 2 mm ovadas e sépalas livres.
Distribuição na Madeira- Frequente nas zonas de menor altitude.
A nossa espiral de ervas aromáticas, para além de atraírem insetos polinizadores para o jardim da nossa escola, são uma fonte de aroma e sabor na nossa culinária, permitindo tornar os nossos pratos mais saborosos e reduzir a quantidade de sal utilizada.

Breve memória descritiva de como foi efectuado o trabalho:
A implementação do projeto “Espiral de Ervas Aromáticas” surge através de uma abordagem eco pedagógica interdisciplinar, com atividades teórico-práticas de capacitação e formação alimentar e ambiental, envolvendo diretamente docentes, pessoal não docente, alunos e indiretamente toda a comunidade escolar.
Inicialmente, o projeto “Espiral das Ervas Aromáticas” realizou um levantamento sobre a área disponível do jardim da escola para a aplicação do mesmo. Após o reconhecimento, todas as etapas da pesquisa juntamente com a participação dos alunos foram estruturadas.
Assim, primeiramente, foi trabalhado, em contexto de sala de aula, temas relacionados com o meio ambiente e permacultura, fazendo com isso trocas, reflexões e levantando dados numa conversa coletiva para a criação de um ambiente onde as práticas educativas possibilitarão mudanças de hábitos e atitudes. Pretendeu-se, assim, suscitar na comunidade o repensar sobre a importância de criarmos ambientes produtivos e saudáveis em pequenos espaços.
Simultaneamente foram concretizadas as seguintes etapas do projeto: a) Reunião na Escola com a direção, os professores e os alunos para divulgar o projeto, solicitando a colaboração de todos para que o mesmo se concretizasse. Foi analisada a área do jardim que seria usada, o tipo de estrutura (em forma de espiral) , os materiais que seriam utilizados, os assuntos que seriam trabalhados em sala de aula; b) Elaboração de um croqui ; c) Recolha de calhau para dar forma ao espiral , que ficou da responsabilidade da coordenadora da atividade, que contou com a participação do pessoal não docente ; d)Seleção/ receção de Ervas Aromáticas por parte dos alunos e pesquisa das caraterísticas das plantas e seu cultivo ; e) Construção da espiral envolvendo os alunos de 3.º e 4.º ano ; f) Confeção de placas identificativas , com o nome vulgar e cientifico, das plantas ;g) Plantação e sementeira das plantas; h) Rega e monitorização do espiral das ervas aromáticas.
A forma do canteiro das ervas aromáticas em espiral foi fruto da tentativa de reprodução de uma das formas que encontramos na natureza. Algumas conchas e fetos têm esta forma. Ao imitar padrões encontrados na natureza estamos a proporcionar harmonia e integração entre o homem e a natureza. A forma em espiral consegue otimizar a produção e a distribuição de energia e do espaço. A grande variedade de plantas consegue cativar um vasto número de insetos e a sua consociação permitirá reduzir algumas pragas.
Deste modo, foi fundamental os nossos alunos escolherem o lugar ideal no pequeno jardim da nossa escola, que fosse ensolarado, com água por perto e de fácil acesso. A construção da espiral teve sempre na base da sua construção a reutilização de alguns materiais que tínhamos disponíveis, tais como, o calhau e a madeira de caixas de fruta.
Numa Era em que predomina a tecnologia, considerámos importante a manutenção do vínculo à terra e às plantas. O "mexer, o cuidar, o fazer" transmitiu sentimentos de alegria e satisfação necessários e benéficos para o desenvolvimento dos nossos alunos em equilíbrio e harmonia com a natureza. Nesta fase, os alunos colaboraram com o assistente operacional Jorge, na preparação manual com a enxada e o ancinho. Inicialmente retiram a vegetação natural existente, de seguida fizeram a lavra da terra e, por fim, espalhou-se na área lavrada adubo proveniente de compostagem.
Para desenhar a espiral, os alunos usaram o seu próprio corpo, posicionando-se no meio do que seria o círculo, abriram bem os braços e soltaram uma pedra de cada lado, isso marcou um valor aproximado para o diâmetro da espiral. Seguidamente, desenharam a espiral com o calhau, usando o calhau maior para criar uma base bem firme. Feita a espiral, começou-se a preencher os corredores com terra orgânica.
Mais uma vez usámos a nossa intuição e criatividade, encaixando as pedras de forma que a estrutura ficasse bem presa. Fomos assim, percebendo que ao preencher os corredores, a terra ajudava a escorar o calhau. Não nos preocupámos com os espaços vazios entre o calhau, pois estes servirão de morada para diversos seres que tornarão o ambiente mais vivo e saudável.
Chegada a hora do plantio, observámos que criámos uma estrutura com diferentes níveis, ou seja, diferentes condições ambientais; assim poderíamos trazer para a nossa espiral, plantas com diferentes necessidades de luz, água e nutrientes. A parte superior e central é o ponto que com maior exposição solar e também com maior drenagem (bastou imaginarmos uma montanha, que escorre toda a água da chuva para o vale). As plantas ideais para esse espaço são as que precisam de pouca água e aguentam bem o sol. Na parte mediana, o solo já é um pouco mais húmido e algumas áreas podem possuir sombra por conta da estrutura e das plantas mais altas. O nível mais baixo, por sua vez, possui um solo bem húmido.
Feita a Espiral de Ervas Aromáticas, procedemos à catalogação das plantas com as placas identificativas.
De seguida, realizou-se a rega com o regador. A partir, deste momento, a rega é feita de forma sistemática como também o acompanhar do desenvolvimento das plantas. A rega é feita com a colaboração do assistente operacional Jorge (responsável pela manutenção do espaço exterior da escola), que forma equipa com uma criança, o que obedece a um sistema de rotatividade. A supervisão deste processo cabe à coordenadora do projeto “Bem comer para Bem Viver”. As crianças também são envolvidas nesta atividade, sempre que uma planta necessita de mais regas, tendo em conta o seu período de crescimento ou a temperatura atmosférica.

Registo Fotográfico: